Sopa de arroz do pai José

  • É como um rosto que de repente fica nítido na multidão, a brisa que começa a soprar naquele instante, algo que surge inesperadamente e já faz toda a diferença – ipês-roxos pela cidade inteira, montes de buquês lindos se oferecendo! Pode ser mais primavera?


    Chega assim sem avisar e vai logo entrando pelos olhos, encostando na pele, trazendo cheiros no vento, dando vontades... Recria-se a vida.

    Samambaias dão mais lagartas, insetos recomeçam a cortejar lâmpadas, gatas entram no cio, humanos também. Rolam sarampos, cataporas, tosses compridas, gripes e resfriados; o corpo está pondo fora outros tipos de flor. Tudo o que serviu no inverno para reter calor já está sobrando. Eis um momento perfeito para perder aqueles quilinhos que a gente ganhou comendo demais – porque estava tão frio...!

    Como conseguir isso? Também comendo, claro. Principalmente caldos e sopas, para lavar tudo por dentro e desintoxicar. A maior parte das doenças acontece justamente porque vamos deixando acumular toxinas, até não termos mais sensibilidade para discernir entre o bom e o ruim. Boa notícia: em poucos dias de dieta já dá para sentir um corpo novo, a cabeça leve, e o discernimento volta com a consciência do bem-estar.

    A sopa de arroz do Pai José é campeã das dietas, porque limpa, emagrece e não dá fome.

    ingredientes
    1 xícara de arroz integral cru
    16 xícaras de água
    6 dentes de alho
    3 cebolas médias
    6 talos de aipo com as folhas um alho-poró também com as folhas
    12 ou mais folhas de bertalha
    e ainda hortelã, cebolinha, salsinha, manjericão, hortelã ou coentro ou qualquer outra folhinha verde comestível – valem os trevinhos dos vasos na varanda.

    modo de fazer
    Ponha o arroz para cozinhar naquele montão de água, de preferência em panela grossa, de pedra-sabão, barro ou ferro
    esmaltado; quando ferver abaixe o fogo, tampe e deixe cozinhar por 2,5 horas, mexendo de quando em vez. Se for o caso acrescente água.

    Corte a cebola em gomos, o aipo e o alho-poró em fatias grossas diagonais, descasque os dentes de alho. Coloque na panela onde está a papa de arroz e deixe ferver mais 30 ou 40 minutos, com mais água se necessário.

    Ao apagar o fogo misture as folhas de bertalha.

    Sirva com uma colher (chá) de missô em cada porção e verdinhos frescos por cima. Pode comer à vontade. Substitui ao menos uma refeição por dia, com resultados maravilhosos.

    Por quê?

    Primeiro porque o arroz integral cozido longamente, às vezes a noite inteira, é o alimento mais medicinal que existe: fácil de digerir, fortalece o princípio vital e o sangue, harmoniza o sistema de aquecimento do corpo, suaviza os intestinos e ajuda a eliminação de
    toxinas através da urina (Contraindicação: quem já urina muito não deve tomar essa sopa).

    O alho é uma cornucópia de virtudes para a saúde. Espanta vírus, fungos e outros hóspedes indesejáveis, desengordura, tonifica, relaxa, faz bem ao fígado e as glândulas, limpa o sangue.

    A cebola não fica atrás: também é antisséptica, limpa e regulariza os rins e a bexiga, baixa a glicose no sangue, ajuda a absorver oxigênio.

    O alho-poró reforça o alho e a cebola e dá um sabor especial.

    O aipo, ou salsão, estimula a digestão e os intestinos, limpa os rins, alivia o reumatismo, acalma, nutre e tonifica; suas folhas têm um tipo natural de insulina.

    E as folhas de bertalha são riquíssimas em cálcio, ferro, magnésio, clorofila e outras preciosidades, e ainda lubrificam os intestinos. Se não conseguir, pode substituir por chicória, cozidinha à parte em pouca água.

    Boa primavera – boa reciclagem!"