Teresa Andrés, nutricionista e produtora de orgânicos, resolveu procurar sua turma na Itália, tanto na produção de alimentos quanto na origem do movimento Slow food.
Fez um blog para contar seu dia a dia por lá: http://www.dahortanaitalia.blogspot.com.br . Pesquei estes posts - um beijo, Teresa! - de quando ela começou a postar sobre a viagem, em 21/6. Um pouquinho de mim vai junto ;-)
A bota – traçando o roteiro
Uma amiga me disse que sou a pessoa mais à deriva e com mais foco que ela conhece. Então é essa a rota da viagem: objetivos traçados, mas muitas lacunas para o imprevisível, o novo que sempre aparece. Gosto de não fechar muito os caminhos para não perder o acaso e suas possibilidades.Mas o esqueleto tá montado e começa em Torino, Piemonte, por onde entro na Itália. Piemonte tem muitas coisas que me interessam, a primeira e maior delas é a sede do movimento slow food. Desde que conheci o assunto me apaixonei, foi como descobrir minha tribo, pessoas falando e fazendo o quê eu acreditava e gostaria de ver no mundo: alimentação e plantação caminhando juntos. É muito estranho que eles tenham se separado, mas esta é a verdade depois da revolução verde e do crescimento da indústria alimentar. A comida ficou orfâ de pai e mãe, como uma criança da roça criada na cidade grande, sem conhecer suas origens. Na verdade as pessoas ficaram orfãs de uma comida com história, ciclo, sabor. Resgatar isso é lindo e saboroso e o piemonte é onde tudo começa. Tem a UNISG, (www.unisg.it) Universidade de Gastronomia do movimento, um sonho antigo, um curso de mestrado que namoro há alguns anos...Próximo passo Toscana. Roça. Mesmo com todo calor do verão, espero poder por a mão na terra, visitar e estar em algumas propriedades rurais, principalmente de horta orgânica. Dizem que é um ótimo período para festas típicas na região, e gostaria de alternar a atividade rural com passeios...Não sei o próximo passo, mas ainda tenho dois objetivos: Bologna - um amigo de uma amiga participa do Slow Food local e achei que seria legal ver as atividades da região. Por último Puglia. Sei pouquíssmo sobre o salto da bota, mas estou decidida a chegar até lá. Minha última paixão literaria foi Ossos, Sangue e Manteiga, de Gabrielle Hamilton, uma chef de cozinha americana muito autêntica, dona de um restaurante em NY que parece ser um sucesso – Prune, e que se casou com um italiano da região. Seu relato me encantou com a simplicidade do povo, sua culinária rica e preservada, a rusticidade das feiras e a alegria das pessoas. Foi amor à primeira leitura.No mais à deriva, deixando o vento me guiar. Parece bom, não é?Super exercício do desapego
Estava super orgulhosa da mala piccola que havia feito e me sentindo uma desapegada de tanta coisa que costumo precisar (ou melhor, que tenho medo de precisar e não ter) e eis que a vida me pregou uma peça muito maior: minha mala não chegou. Pois é, está perdida pela Itália, sozinha, não sei onde e como eu, não fala italiano, tadinha. E eu aqui sem nenhuma roupa a não ser o que estava na minha bagagem de mão, ou seja, praticamente nada! Por incrível que pareça não fiquei (nem estou) nervosa. Só há duas possibilidades: ou chega e pronto, me virei estes dias, mas não morri ou não aparece e tenho que acessar o seguro (que fiz na última hora) e comprar tudo novo ;) as duas opções me parecem boas...um mini guarda roupa de H&M e Zara, não vai ser nada mal...
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